eu tava lá


BAHIA x ATLÉTICO x BRAGANTINO – BRASILEIRÃO 2021
6 dezembro 2021, 6:57 pm
Filed under: arquibancada, poltrona

Quando o Keno chutou aquela bola na Bahia, o tempo deu uma bagunçada em Belo Horizonte.

Um bando de gente corria de um lado pro outro e chorava sem saber quando tinha nascido ou que ano era hoje. O mundo só tinha uma unidade de tempo: 50 anos.

Parecia que tudo que aconteceu de errado nesse tempo todo ficou certo de uma vez só. O Dida não teve altura pra pegar a cavadinha do Guilherme. O Silvestre desarmou o Nunes. Parou de chover em São Caetano. O time invicto, triste e cabisbaixo que saiu de campo abraçado contra o São Paulo agora corria com os punhos cerrados de felicidade.

(Pausa pra comemoração.)

Domingo, sabe lá Deus quantas horas depois daquele jogo de quinta, a bagunça temporal continuava. Eu juro que vi o time entrar em campo sem seu maior craque, que nem 77. Eu vi um ponta esquerda arisco rabiscar a defesa igual eu vi em 99. Vi o craque do time dar um passe de letra feito o bruxo de 2012. Vi um homem-borracha se esticar todo pra salvar uma bola igual me contaram que acontecia em 71. E vi um gol com um toque sutil, digno de rei, e uma comemoração com o punho direito levantado, que nem em 80. Isso sem contar que eu vi o rosto de um monte de gente na arquibancada que nem aqui tá mais.

Agora, que o tempo meio que voltou ao normal, eu consigo entender porque a gente resolveu manter uma estrela só no escudo. Ela tá lá, sozinha, pra contar a história desses 50 anos e dos que ainda vêm por aí.

Brilhando, às vezes se apagando, e depois acendendo de novo ainda mais forte. Única como o próprio tempo. Imortal.


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